Durante todo o século XIX, a Europa passou por profundas mudanças políticas e econômicas. O surgimento das fábricas, que produziam uma grande quantidade de produtos por um preço menor e o crescimento do uso das máquinas na produção agrícola geraram um grande número de desempregados.
Muitos europeus que não viam mais condições de sobreviver em seus países optaram por recomeçar a vida em outro lugar. O Brasil representava uma boa alternativa, uma vez que precisava de mão de obra nas fazendas de café, sendo também necessário o povoamento da parte do território que estava desocupada.
Incentivados pelas promessas de uma vida melhor, um grande número de europeus veio para o Brasil no século XIX.
A partir de 1850, com a extinção do tráfico negreiro pela Lei Eusébio de Queirós, teve início, no Brasil, a imigração com o chamado “sistema de parceria”. O sistema de parceria começou com uma iniciativa do senador Nicolau Vergueiro, na Fazenda Ibicaba, em São Paulo. Por este sistema o proprietário cedia uma parcela da terra para os colonos cultivarem, devendo a produção ser dividida entre as duas partes. Inicialmente, os próprios fazendeiros estimularam e custearam a vinda de imigrantes.
Colheita e seleção de café na fazenda de Santa Ubaldina, 1921. Bebedouro (SP).
Porém, foram muitas as dificuldades dos colonos, uma vez que a parceria se revelou desigual, pois eram enganados pelos fazendeiros na pesagem dos produtos, no cálculo dos juros das dívidas e no preço alto das mercadorias dos armazéns que também pertenciam aos fazendeiros. Dessa forma, muitos imigrantes ficavam com grandes dívidas e os ganhos obtidos com seu trabalho não cobriam o compromisso da parceria. Tais fatos levaram a conflitos entre colonos e fazendeiros, além de desestimular a vinda de novos imigrantes.
Anteriormente, já em 1824, D. Pedro I havia incentivado a imigração de alemães para a região de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, incentivado pela esposa D. Leopoldina. No mesmo ano, uma outra leva de imigrantes se instalou no Rio Grande do Sul, onde receberam sementes do governo para iniciar plantações e cabeças de gado para prover o seu sustento. No entanto, foi a partir de 1870 que o governo tomou para si a subvenção da imigração europeia para o Brasil, com propagandas de incentivo à imigração feitas na Europa.
Na última década da Monarquia, entre 1881 e 1890, mais de 450 mil imigrantes chegaram ao Brasil, a grande maioria atraída pela falsa promessa de “fazer a América”. Na realidade, o principal destino eram as fazendas de café do oeste paulista e as fábricas que começavam a surgir em São Paulo. As despesas de viagem do imigrante e da sua família eram pagas pelo governo, e os fazendeiros arcavam com a instalação deles nas fazendas.
Capa da revista “O Imigrante”, 1908.
Os imigrantes que se dirigiram ao Sul do país receberam terras do governo para produzirem, mas o maior problema foi a pouca assistência que esses grupos recebiam do governo, além das condições em geral, que eram bem difíceis, pois além dos problemas de adaptação ao clima e aos costumes, as condições de trabalho não eram as esperadas. Além dos alemães, chegaram ao Brasil, neste período, um grande número de italianos, espanhóis, portugueses e poloneses.
Diante disso, começaram a diversificar as atividades para poderem sobreviver, dedicando-se a atividades já conhecidas em seus países. Desenvolveram a pecuária, a agricultura, as produções caseiras e artesanais (queijo, salame, vinho, instrumentos de trabalho e utensílios domésticos).
Com o tempo, essa produção começou a aumentar e seu excedente passou a ser vendido nas cidades. Como proprietários de terras e produtores, sua qualidade de vida ficou melhor que a dos colonos assalariados das regiões próximas à capital paulista.
Em muitos casos, em virtude da localização dos lotes recebidos pelo governo, sem comunicação e com problemas para distribuir as mercadorias que produziam, muitos deles abandonaram as terras recebidas e migraram para as cidades em busca de outras oportunidades.
Os destinos mais frequentes dos imigrantes que abandonavam suas terras ou desistiam do trabalho nas fazendas eram as cidades de São Paulo, que estava iniciando uma nova fase com o estabelecimento de indústrias, e Rio de Janeiro, que na época era a capital do Brasil. Porém, as condições de trabalho nas cidades eram tão difíceis quanto as que haviam vivenciado no campo.
Trabalhando principalmente nas indústrias, homens, mulheres e crianças recebiam baixos salários, cumpriam longas jornadas de trabalho e não possuíam qualquer tipo de proteção contra acidentes e doenças.
Muitos desses imigrantes se envolveram em movimentos grevistas e ajudaram a fundar associações operárias que tinham como objetivo lutar pelas melhorias nas condições de trabalho.
Outros imigrantes resolviam trabalhar por conta própria como: vendedores ambulantes, artesãos, motoristas de táxi, garçons, engraxates, jornaleiros, ou mesmo abrindo pequenos comércios.
Devido às grandes dificuldades, 40% dos imigrantes italianos retornaram à Europa, mas alguns se tornaram grandes comerciantes e industriais, enquanto outros começaram a trabalhar como operários da nascente indústria paulista.
O trabalho dos imigrantes contribuiu para a modernização do país, pois se constituíam em importante mão de obra, passando a compor um importante segmento para o desenvolvimento do país.
Os colonos procuraram manter seu estilo de vida, preservando a língua e a religião. Construíram escolas próprias para difundir sua identidade e cultura.
Esses imigrantes trouxeram para a América novas técnicas agrícolas, introduzindo o plantio do trigo e a criação dos suínos.
A partir de 1850, em grande número, italianos, espanhóis, portugueses e poloneses chegaram ao Sul do Brasil. O governo brasileiro promoveu a imigração subvencionada, ou seja, o imigrante e sua família recebiam a passagem de navio até o Brasil e o transporte terrestre até a região onde deveria se estabelecer.
Desembarque de imigrantes no Porto de Santos (SP) em 1907.
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