Os índios Xoklengue pertenciam ao grande grupo Jê e ocupavam uma extensa área do sul do Paraná, ao norte do Rio Grande do Sul, abrangendo a região da Mata Atlântica, entre o litoral e o planalto, uma vez que eram nômades e viviam em grupos de até 300 pessoas.
A anta era a caça preferida, mas também comiam carne de porco-do-mato, veado, macaco e tatu. Costumavam ainda fazer farinha de pinhão e eram especialistas na arte de fabricar cestos e peças em cerâmica.
Nas caminhadas, era comum que as mulheres escolhessem onde acampar. Costumavam cremar os mortos com os utensílios e as armas deles e, em seguida, enterravam as cinzas, fazendo uma choça em cima da sepultura.
Os Xoklengue eram também chamados de “botocudos”, devido ao adorno de madeira que os meninos usavam no lábio inferior perfurado, o botoque. Após furado era introduzido no lábio um pequeno botoque, feito de madeira, pedra ou concha que ia sendo substituído por outros maiores até a idade adulta.
Com o avanço do povoamento do sul do Brasil, esses indígenas foram, cada vez mais, perdendo as terras onde habitavam, e a ocupação dos campos por grandes fazendas de criação de gado prejudicaram o acesso à caça e à coleta, especialmente do pinhão, alimento muito importante para os índios da região.
No início do século XX, houve um intenso processo de caça aos índios, feito principalmente pelos chamados “bugreiros”, homens especializados neste trabalho, que costumavam penetrar mata adentro em busca de populações indígenas.
Cacique Xoklengue usando botoque na atualidade.